Sociedade

"O Elefante no Auditório"

Maio 06 da 2023 - 06: 52

Como Vereador da Cultura, e junto com o Prefeito José Chulvi, vivi oito anos maravilhosos; talvez o período mais intenso, difícil e emocionante da minha vida profissional. Um tempo dedicado a Xàbia e à cultura, quero acreditar que com alguns sucessos e, sem dúvida, com algum espinho.

Hoje somos referência na programação das 52 semanas do ano, para todos os públicos, para todos os gostos e em todos os formatos. Aos fins-de-semana que começam às quintas-feiras e que - através dos diferentes festivais, da colaboração das associações e da programação das salas - oferecem música, fotografia, humor, dança, cinema, teatro, moda, pintura, literatura...

Quico Moragues, Conselheiro da Cultura Xàbia

Oito anos depois consolidamos os festivais mais importantes (Xàbia Jazz e Xàbia Folk, por exemplo) e adicionamos alguns novos que já fazem parte da nossa vida, como o Xàbia Negra ou os shows de Blues e Swing. E tornamos nossos nomes universais como Sorolla e Balenciaga.

Temos procurado trazer o melhor para fora, mas também para casa para dar vazão ao talento do nosso povo, expresso em grupos como o Centre Artístic Musical, o Grup de Danses Portitxol, o Xirimitab's, o Orfeón, l'Agrupació Fotogràfica, l 'Escola Cinema Riurau, Escacs Vivents, Ojos Rojos... E acima de tudo, temos feito um esforço para encher de vida não só as salas, como a Casa da Cultura, a sala polivalente, a Biblioteca Duanes, a Sant A Igreja Bertomeu e a Igreja Duanes. , o Riurau ou a Casa del Cable, mas também ruas, praças e praias.

Mas a sala tem um elefante e temos que conversar sobre isso. Um elefante que me machuca.

Como músico, anos atrás, eu tinha ouvido a promessa do público. Eles até nos mostraram um modelo que custou uma fortuna e deveria estar no contêiner de reciclagem.

Nosso projeto, porém, era diferente. Foi real. Tínhamos feito todo o trabalho necessário: tínhamos o dinheiro, a vontade política, o projeto, os planos e tínhamos adjudicado. Um enorme trabalho burocrático que teve que resultar na audiência que Xàbia merecia.

Mas a empresa vencedora do concurso, com todas as garantias legais e sob o acompanhamento dos técnicos, abandonou a obra. Sem motivos. Porque essa era a sua forma de agir: licitar muitas obras, ganhar empreitadas e depois executar as mais gananciosas... deixando dezenas de milhares de moradores prejudicados.

Mas não desistimos. Entramos na justiça, defendemos os interesses de Xàbia, vencemos, resolvemos o contrato e recomeçamos. Desde o início até a repremiação de um trabalho em que eu dizia ao José Chulvi, meio a brincar meio a sério, que se nos deixassem “anàvem a pose nosaltres els blocs”.

E pela segunda vez uma empresa, abusando de sua posição de vantagem nas contratações públicas, fez o mesmo da primeira. Eu sei que é difícil de entender. Porque se eles fizerem isso com um indivíduo, a piada dura um minuto: o inadimplente é expulso e quem você quiser é contratado. Mas na Administração não é assim.

Por que estou te contando isso? Porque o Auditório é o espinho com que saio. Mas também para compartilhar com vocês uma certeza: vamos terminar. Claro. Assim como fizemos uma piscina que parecia impossível. Assim como tiramos os carros do Montañar quando ninguém ousava. Assim como protegemos 10 milhões de m2 quando ninguém mais acreditava nisso. Assim como baixamos o IBI quando outros o elevaram em 500%.

Vamos acabar porque merecemos. Para todos os músicos e musicistas da nossa cidade. Para todos os vizinhos que amam a cultura. Por dignidade. Porque em Xàbia as dificuldades mudam nosso ritmo, mas não torcem nosso caminho.

E você e eu vamos ver isso.

Cara aquela hàgem d'anar pra posar os pads!

Quico Moragues- Conselheiro da Cultura

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